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DISCREPANCIA NO DISCURSO EVANGELICO ATUAL

DISCREPANCIA NO DISCURSO EVANGELICO ATUAL

Percebemos que muitos cristãos se afastam das igrejas evangélicas porque já perceberam que há muitos dogmas nessas igrejas que são cheios de lacunas. E que muitas crenças no meio evangélico são cópias grotescas de comportamentos do catolicismo, de onde muitos saíram. Assim, convém analisarmos algumas das principais dissonâncias no discurso evangélico, que têm contribuído efetivamente para o afastamento desses crentes das suas congregações. Talvez o maior problema é que os evangélicos, gerados a partir do espírito protestante, apesar da grande aversão ao sistema eclesiástico católico, ainda preservam as mesmas estruturas institucionais do catolicismo. Mudaram os nomes e o discurso, mas a estrutura ainda é a mesma: uma instituição, um templo, a divinização e a infalibilidade da instituição, um homem "mais elevado" que faz a intermediação espiritual, o altar, frequência religiosa aos cultos, níveis hierárquicos e o distanciamento do crente comum da vida orgânica da instituição, levando-o a ser mero espectador de culto e contribuinte financeiro. Na questão financeira talvez repouse um dos mais gritantes desacertos dos evangélicos. Ora, o estopim que deflagrou a Reforma Protestante no século XVI foi justamente a agressiva forma de arrecadação que a Igreja Católica implantou para financiar a construção da Basílica de São Pedro, no Vaticano. Naquele tempo, a grande preocupação dos fiéis era com o sofrimento porvir, no Purgatório. Cientes disso, e desejosos de alcançar generosas contribuições, o clero católico apregoava que o fiel que contribuísse para a construção da Basílica, livraria a si e a entes querido dos terrores do Purgatório. Mas, à medida que os cofres institucionais iam se enchendo, crescia também um descontentamento com esse discurso, até que os descontentes se manifestaram publicamente, nascendo o movimento protestante, sendo o monge Martinho Lutero o nome de maior expressão do movimento. Mas, hoje, os evangélicos são muito mais aguerridos e inescrupulosos na busca de contribuições do que os católicos medievais. No sistema capitalista, que cria uma sociedade consumista, talvez a privação de recursos financeiros seja uma preocupação muito maior do que o Purgatório. Daí, desenvolveu-se a "teologia da prosperidade", segundo a qual, se o crente quiser alcançar bens e riquezas nesta vida, deve doar dinheiro para as instituições evangélicas e Deus o recompensará com prosperidade financeira. Evidentemente, essa prática de prometer um derramamento de bênçãos em troca de generosas doações a uma igreja nada mais é do que uma versão moderna das indulgências da Idade Média, por meio das quais o Papa Leão X garantia a seus súditos o perdão de pecados e a bem-aventurança celestial. Quem não se lembra das fotos escandalosas de pastores carregando sacos de dinheiro após um megaevento evangélico em um estádio de futebol? Quem não se lembra do dinheiro escondido dentro da Bíblia para entrar ilegalmente nos EUA? E o comércio de toda sorte de bugigangas "ungidas"? E os carnês de patrocínios a programas de rádio e televisão? Que dizer ainda do escândalo das ambulâncias no Congresso Nacional, patrocinado, principalmente, pela bancada evangélica? Evidentemente esse apetite pelo dinheiro é difícil de ser associado às recomendações do Senhor da Igreja. Não é necessário ser grande conhecedor do Texto Bíblico para perceber que o Senhor Jesus Cristo quase não falou a respeito de contribuições, dízimos e ofertas, mas foi muito claro, objetivo, veemente e incisivo ao determinar que os seus discípulos não ajuntassem tesouro na terra, Mt. 06.19 e 20. O Apóstolo Paulo apregoou que o "amor ao dinheiro é a raiz de todos os males" I Tm. 06.10. No entanto, para justificar certos rudimentos teológicos, é comum alguns líderes evangélicos fazer inferências um tanto nebulosas, e ignorar os textos bíblicos que não lhes apetecem. Nota-se também que o discurso evangélico, a semelhança do católico, eleva a instituição religiosa a uma categoria muito superior às pessoas, de sorte que a denominação religiosa passa a ser divinizada e idolatrada pelos fiéis como "obra de Deus". Desta forma, aumentar o patrimônio da instituição é obra muito mais salutar do que a assistência aos crentes. Construção de templos, expansão do patrimônio da instituição, divulgação dos nomes institucionais consomem muito mais recursos e atenção dos chefes eclesiásticos do que qualquer obra social. Na verdade, "entidade filantrópica" é uma expressão que está escrita em todos os estatutos das igrejas, mas a instituição religiosa em si não pratica filantropia alguma. Se há alguma obra filantrópica, na grande maioria das igrejas, ela é custeada pelos crentes, à margem da instituição. Raramente, o caixa institucional patrocina alguma assistência social. Na contramão desse comportamento, encontramos Estevão, At. 7.48, alertando que Deus não habita em templos feitos por mãos de homens, At. 17.24. Encontramos o apóstolo Paulo afirmando por várias vezes que o cristão, o ser humano, é o templo do Senhor, a morada do Espírito Santo, I Co.03.16. Ou seja, a instituição, seu governo, seus altares e as suas propriedades são esvaziadas de significado para Deus, que se importa mais com a alma dos homens. No entanto, são os templos feitos de pedras, de mármore e granito, é que recebem os grandes investimentos. E uma indagação salta à mente: o Senhor do rebanho se interessa mais pelos currais, ou pelas ovelhas? Vejamos ainda a intermediação espiritual. Esse também é um grande nó doutrinário que iguala os evangélicos ao catolicismo e contribui muito para que mais e mais crentes deixem de freqüentar as igrejas. Jesse Lyman Hurlbut, historiador evangélico, afirma que o primeiro grande princípio da Reforma é que a verdadeira religião está baseada nas Escrituras. Segundo, que a religião devia ser racional e inteligente. E a terceira grande verdade da Reforma, e à qual deu grande ênfase, era de que a religião deveria ser pessoal. Segundo Hurlbut, "sob o sistema romano, havia uma porta fechada entre o adorador e Deus, e para essa porta o sacerdote tinha a única chave. O pecador arrependido não confessava seus pecados a Deus; não obtinha perdão de Deus, e sim do sacerdote; somente ele podia pronunciar a absolvição. O adorador não orava a Deus, o Pai, mediante Cristo, o Filho, mas por meio de um santo padroeiro, que se supunha interceder pelo pecador diante de um Deus demasiado distante para que o homem se aproximasse dele na vida terrena. Em verdade, Deus era considerado um ser pouco amigável, que devia ser aplacado e apaziguado..." As igrejas evangélicas criticam ferozmente esse sistema religioso. Mas, muitos crentes já perceberam que entre os evangélicos pratica-se a mesma intermediação espiritual, sutilmente modificada e incentivada pela cúpula eclesiástica. Ora, qualquer pessoa que assistir a um culto evangélico no dia da Santa Ceia ouvirá exortações para que ninguém participe do pão e do vinho, sem antes confessar os seus pecados ao Pastor, ou a quem ele indicar. Frequentemente ouve-se pregações que salientam que os líderes evangélicos são "pessoas mais especiais" para Deus. E falam de "escolhidos", "ungidos de Deus", "homens de Deus", com o intuito de realçar a condição de especialidade desses homens. Enquanto os católicos veneram e esperam a interseção milagrosa de pessoas santas que já morreram, os evangélicos fazem verdadeiras peregrinações em busca da interseção de pastores milagreiros. Muitos crentes vivem à cata de "profetas" na expectativa de que estes façam uma intermediação, ou interlocução, entre si e Deus. Todos os dias passam carros de som pelas nossas ruas anunciando um "milagreiro" novo na cidade. Na verdade, entre os evangélicos é grande a crença e o misticismo de que esses "homens especiais" possam intermediar, facilitar, ou impedir a comunhão do cristão com Deus. E muitos crentes veneram e idolatram essas personalidades da mesma forma que um católico venera seus santos já idos. De mais a mais, os líderes evangélicos já perceberam que a divinização de pessoas "mais excelentes" é o meio mais eficaz para encher os templos. E assim, cada vez mais enaltecem a figura dos ministradores, dos intermediários e dos interlocutores, e se distanciam do princípio da comunhão pessoal. Por fim, saliente-se que para os reformadores protestantes, o sacerdócio individual de cada cristão era inviolável, e como tal, cada cristão era livre para exercer a sua fé independente de qualquer poder institucionalizado. Lutero ousava dizer que "um cristão é livre e perfeitamente senhor de todas as coisas, não se submetendo a nada." Lutero colocou o mundo de cabeça para baixo ao afirmar que o cristão era independente e totalmente autônomo para exercer a sua fé. Indiretamente afirmava que "o Espírito de Deus não é monopólio das instituições, não é gerenciado por organizações, não é distribuído por burocracias...". Desta forma Lutero estava esvaziando a instituição da sua áurea divina, contrapondo a "voz da consciência à voz das autoridades constituídas." No entanto, em todas as igrejas evangélicas há um poder regulador que determina e impõe as crenças, as doutrinas e os dogmas ao cristão, igual ao poder institucional que Lutero combatia. Supersticiosamente, todos acreditam que essa hierarquia eclesiástica foi estabelecida por Deus e que possui o pensamento de Deus. Infalível. Assim, desobedecer a uma determinação do governo da igreja é tido como uma desobediência ao próprio Senhor da Igreja. Curioso é que o primeiro princípio da Reforma afirma que a religião deve ser fundamentada na Bíblia, e a Bíblia traz palavras contundentes do Senhor Jesus Cristo a esse respeito:" E a ninguém na terra chameis vosso pai, porque um só é o vosso Pai, o qual está nos céus. Nem vos chameis mestres, porque um só é o vosso Mestre, que é o Cristo." Mt. 23.08-11.E mais:"os governadores dos gentios os dominam, e os seus grandes exercem autoridades sobre eles. Não será assim entre vós..." Mt. 20.25 e 26 E assim, mudam-se os nomes, mudam-se as palavras, os discursos, as formas de falar, os uniformes, os objetos sagrados; mas as escalas, os degraus, a burocracia, a ideologia e as crenças são as mesmas. De sorte que, quando o crente evangélico descobre que o jogo é o mesmo, que as peças são as mesmas, que o tabuleiro é o mesmo; ele se recusa a fazer parte do jogo.