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Autor: William Edwy Vine |
Frequentemente encontramos a sugestão de que a Bíblia não foi dada para ser um guia completo nas questões de doutrina e prática durante a presente época. Alguns acham que enquanto as Escrituras são de origem e autoridade divina, não foram uma revelação final, e que a autoridade da Igreja seria suficiente para poder providenciar doutrinas e orientações adicionais. Outros pensam que verdades que eram essenciais para os primeiros cristãos não são essenciais nas circunstâncias dos dias modernos;. Em outras palavras, que o avanço da civilização tornou muitos ensinos apostólicos fora da moda. A epístola de Judas declara que a fé "uma vez por todas foi entregue aos santos" (Jd 3). A versão corrigida "uma vez foi dada aos santos" poderia ter o sentido de "antigamente" (no passado). A palavra "hapax" no original não contém este sentido, que é representado por pote. Visto que a fé foi entregue "uma vez por todas", é óbvio que não foi a intenção divina que recebesse acréscimo ou modificação. A fé está contida na Bíblia como foi entregue a nós. Tentar aumentá-la, ajustá-la ou formar decretos adicionais como se fossem de autoridade divina, é contestar a obra perfeita do Espírito Santo e ser culpado de impiedade presunçosa. Sem dúvida, esta é a razão porque um aviso é dado três vezes no livro contra a falsificação das Escrituras.
Sem dúvida, este último se refere diretamente ao conteúdo do Apocalipse, mas considerando as três passagens juntas, elas constituem uma proibição contra qualquer tentativa de aumentar ou diminuir o conteúdo da Palavra de Deus. O apóstolo Paulo faz uma declaração clara da finalidade e permanência das Escrituras. Ele instrui Timóteo a advertir todos de que nenhuma outra doutrina seja ensinada: "Como te roguei, quando parti para a Macedônia, que ficasses em Éfeso, para advertires a alguns, que não ensinem outra doutrina ... Conserva o modelo das sãs palavras ... guarda o bom depósito pelo Espírito Santo" (I Tm 1:3 e II Tm 1:13-14). As coisas que ele ouviu de Paulo, ele passaria aos homens fiéis, para poderem ensinar outros também. O dever dele então foi manter a verdade, e não produzir mais. Outra vez ele afirma em II Tm 3:16-17 a suficiência absoluta das Escrituras, ao declarar que é inspirada por Deus, e assim "o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra". Ele afirma tanto a origem e a autoridade divina das Escrituras como a sua finalidade na doutrina. Se um homem de Deus, por intermédio destes meios seria completo e completamente instruído, não haveria necessidade de doutrina adicional. Os apóstolos avisam os cristãos para continuarem no ensino dado a eles. O apóstolo João diz: "Portanto, o que desde o princípio ouvistes, permaneça em vós" (I Jo 2:24). Paulo escreve: "Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste" (II Tm 3:14). Veja também I Tm 6:20. Certos ensinos em I Coríntios são considerados por alguns meramente aplicáveis à igreja à qual aquela epístola foi endereçada. Porém, foram escritos não somente àquela igreja, mas para "todos os que em todo o lugar invocam o Nome de nosso Senhor Jesus Cristo" (I Cor 1:2). Muitos dos seus ensinos são os alicerces da fé, e o que foi de aplicação contém princípios essenciais para as igrejas de todos os tempos. Conforme a exortação no Capítulo 14 referindo-se à conduta e ordem nas reuniões das igrejas, como por exemplo: ministério oral; exercício de dons; silêncio das mulheres e a instrução acerca de cobrir as suas cabeças, o apóstolo diz que as coisas que estava escrevendo foram "mandamento do Senhor". Outra vez em I Cor 4:17 e I Cor 7:17 ele diz que o que ele está transmitindo é o que ele ensina em todas as igrejas. O apóstolo João insiste em aderência à fé como segue: "Todo aquele que ultrapassa a doutrina de Cristo e nela não permanece, não tem Deus; ... Se alguém vem ter convosco e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem lhe deis as boas-vindas". II João 9 e 10 (Atualizada) impõe uma limitação indevida à frase "o ensino de Cristo", fazendo-a referir-se apenas a uma doutrina dEle. Assim, concluímos que "o ensino de Cristo" é toda a revelação divina acerca dEle, e isto é "a verdade" à qual o apóstolo se refere nos versos 1e 2: "conosco será para sempre". Ele enfatiza o ensino dado por ele e os seus co-apóstolos. Uma reivindicação que, se não fosse válida, seria nada menos do que presunção, mas que realmente testemunha tanto a sua autoridade divina como a perfeição das doutrinas das Escrituras. Ele diz: "Nós somos de Deus: aquele que conhece a Deus ouve-nos; aquele que não é de Deus não nos ouve. Nisto conhecemos nós o espírito da verdade e o espírito do erro" (I Jo 4:6). Concluímos obviamente que os ensinos dos apóstolos são o padrão pelo qual julgamos o que é verdadeiro ou falso na doutrina. Sendo assim, o que não é confirmado pelo Novo Testamento não tem a autoridade de Deus. Pela Palavra de Deus somos julgados daqui por diante; pois é dada como o padrão da nossa vida e a nossa obediência à fé. Quão importante é ver que os nossos caminhos são dirigidos em obediência às Escrituras, tanto na nossa vida particular, como no trato dos nossos contemporâneos! É importante também que, ao considerar assuntos relativos à igreja, não sigamos as tradições e dogmas dos homens, mas as Escrituras da verdade! Sendo o artífice o "Espírito de Deus", Que veio para nos guiar em toda a verdade, como o nosso Senhor prometeu, as Escrituras são conselheiras infalíveis. Sendo suficientes e finais para nós como a completa Palavra de Deus, deveriam ser suficientes e finais para nós na organização de todos os nossos afazeres. Que o nosso apelo seja: "Que diz a Escritura?" e, tendo recebido uma resposta, digamos: "Não posso ir além da palavra do Senhor meu Deus, para fazer menos ou mais". Assim, no cumprimento da Sua "boa e aceitável e perfeita vontade" podemos dizer "Guardei a fé", e esperar com confiança para receber do nosso Senhor a Sua recomendação: "Guardaste a minha palavra, e não negaste o Meu Nome" (Ap 3:8).
William Edwy Vine [ Tradução: Jaime Crawford ] |